sexta-feira, 28 de agosto de 2009

FIM

No começo era um tangram
Formas e tamanhos diferentes
Que com perspicácia se encaixavam
Dando beleza ao conjunto

No começo era um arco-íris
Cores em paralelo
Realçando umas as outras
Dando beleza ao conjunto

No começo era um balé
Gestos complementares
Individualmente exibidos
Dando beleza ao conjunto

Depois do começo foi um Rorschach
Mesmo com simetria
Cada ponto tournou-se um ponto
Retirando a beleza do conjunto


Clayton Souza

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Eu escrevi uns versos.
Sem métrica, sem rimas, sem nexos.
Mas eram versos.
Ou, pelo menos, eu achava que fossem versos.
Motivo de orgulho
De erguer a cabeça acima da multidão.
Quiçá uma carreira literária estava à minha espera...
Neruda, Bandeira...todos tiveram sua primeira vez
Venceram a timidez e mudaram conceitos.
Eufórico, bebi.
Acabei esquecendo onde larguei os versos que escrevi naquela noite.
Mas não importava.
Naquela noite eu havia escrito versos.
Amanhã, quando acordasse, iria procurá-los.
Naquela noite o importante era comemorar.
Enchi a cara.
Eu escrevera uns versos. Estava nascendo um poeta.
No dia seguinte, qual o quê?
Revirei papéis, rasguei cartas, queimei os rascunhos...
Quase toquei fogo na casa.
E me perdoem os leitores
Eu perdi
A porra dos versos que escrevi.

Clayton Souza
08/04/2008
Recife-PE

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sou poeta!
Sou poeta, sim senhor!
Poeta de cooperativas.
Poeta de coletâneas.
Poeta de blog.
Poeta de bar.
Poeta de ambiente familiar.
Sou poeta porque espalho palavras
Mesmo quando estou paraliticamente mudo.

Clayton Souza.