Eu escrevi uns versos.
Sem métrica, sem rimas, sem nexos.
Mas eram versos.
Ou, pelo menos, eu achava que fossem versos.
Motivo de orgulho
De erguer a cabeça acima da multidão.
Quiçá uma carreira literária estava à minha espera...
Neruda, Bandeira...todos tiveram sua primeira vez
Venceram a timidez e mudaram conceitos.
Eufórico, bebi.
Acabei esquecendo onde larguei os versos que escrevi naquela noite.
Mas não importava.
Naquela noite eu havia escrito versos.
Amanhã, quando acordasse, iria procurá-los.
Naquela noite o importante era comemorar.
Enchi a cara.
Eu escrevera uns versos. Estava nascendo um poeta.
No dia seguinte, qual o quê?
Revirei papéis, rasguei cartas, queimei os rascunhos...
Quase toquei fogo na casa.
E me perdoem os leitores
Eu perdi
A porra dos versos que escrevi.
Clayton Souza
08/04/2008
Recife-PE
VERITAS
Há 9 anos
2 comentários:
Poeta,
Agora sei o que sentes...
Excluí meu comentário sem querer.
Nele havia uma certa retórica poética, uma tentativa vã de consolo por sua perda...
Provavelmente o destino interligou tudo entre aqueles versos perdidos e os meus. Quiçá outros, de outros comentaristas e até mesmo seus pensamentos literários...
Tudo pela solidariedade espontânea, inconsciente e lamentavelmente incômoda.
"Eu (também) perdi a porra dos versos que escrevi"...
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